Faltam 10 semanas pro meu aniversário

Nos últimos dias tenho debatido comigo mesmo sobre a energia que eu ando gastado pra resolver meus problemas psicossomáticos e comportamentais. Acho muito nobre que eu me esforce tanto pra abandonar compulsões e ter comportamentos que me orgulhem, mas tô começando a duvidar se sou mesmo assim tão bom.

Especificamente, me pergunto se eu quero mesmo mudar ou se eu mantenho esse discurso e teatro elaborado porque daí eu não preciso admitir que vivo uma vida muito aquém da exemplar, da que vai ser aprovada pela minha família e meus pares. Eu tô sempre em via de mudança dos meus comportamentos, de melhoria do meu trato, de superação das compulsões, assim elas nem chegam a ser características minhas; são coisas passageiras, parasitas do meus sistema que eu combato fervorosamente. É mais nobre do que aceitar que talvez eu queira ter uma vida caótica, passar noites em claro, ir com sono pro trabalho, fumar cigarro e passar horas a fio vendo conteúdo descartável no celular.

Eu não posso ser menos que espetacular? Algum dia vou poder sonhar, em paz, com uma vida de mediocridade? Estou condenado a tentar ser alguém? Quais seriam meus sonhos e ansiedades, e aonde estariam meus esforços se eu não precisasse me provar sólido e responsável? Será que eu dormiria melhor, ou será que trocaria o dia pela noite com paz no coração?

Eu me sinto triste com muita frequência, e tô começando a aceitar que eu sempre me senti assim – que as frequências das crises até mudaram, mas a melancolia me acompanha desde a infância.

Comprei três espumantes e um vinho. Tô quase desistindo de alugar o espaço que sonhava em fazer a festa. É uma associação de servidores no bairro José Mendes, fica numa rua pela qual sou apaixonado desde que me mudei pra Florianópolis.

É um lugar muito bonito, mas vai me custar tipo uns mil e tantos reais. Não tenho coragem… Não. Melhor ainda, não quero gastar esse dinheiro com a felicidade dos outros ahuahuahua. Tenho várias blusa da Zara nos meus salvos que eu compraria com esse dinheiro. “Ah porque o fast fashion”, tô ligado, eu também queria que eu fosse diferente e tivesse outras vontades.

Hoje eu comprei uma coxinha de frango pra um pedinte que me abordou na porta do supermercado, mas quando eu saí ele tinha sumido, então eu trouxe a coxinha pra casa, e ela foi minha janta.

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